Carlos Carvalho reinaugurou dia 05 de junho o canal no Youtube É Tudo Fotografia. Bate-papo, Artes, Entretenimento, História… Esse promete ser um convite instigante para algo mais!
O canal já está no ar há algum tempo, mas agora ele irá dedicar-se ao projeto semanalmente. Toda quinta, uma nova publicação.
O vídeo abaixo apresenta a proposta numa gostosa e interessante conversa sobre sua inspiração.
Para quem ainda não conhece esse fotógrafo carioca que vive em Porto Alegre há muitos anos, Carlos dedica-se a projetos mais pessoais de fotografia documental. É um pai apaixonado pela Nina, coordenador geral do FestFotoPOA – Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre, além de membro convidado do Júri de diversos festivais internacionais e leitor de portfólios de muitos deles.
Nas palavras do Carlos: “Conto com a visita de vocês e claro o pacote internético: curtidas, inscrições e comentários. Os xingamentos serão ignorados. Bate papo, debate e perguntas são bem vindos.”
“Depois de ter lançado um vídeo mostrando a Via Láctea do alto da montanha mais alta da Espanha, o fotógrafo norueguês Terje Sorgjerd cumpriu o que havia prometido em entrevista ao site de VEJA. Ele registrou as magníficas cores projetadas pelo sol na região do Ártico, quatro semanas antes do sol da meia noite, época do ano em que a estrela nunca se põe no Hemisfério Norte.
O vídeo divulgado pelo fotógrafo é o resultado de uma jornada de 12 dias, entre 29 de abril e 10 de maio. De acordo com Sorgjerd, a empreitada poderia muito bem ter custado a própria vida. Ele caiu nas águas geladas do Ártico duas vezes e foi hospitalizado depois de cair de uma pedra. As imagens não sofreram praticamente nenhuma alteração. As cores são reais”.
Ainda não sei como, nem o que, mas certamente assistir a este registro Fantástico do Real está alimentando um novo ensaio em mim… Compartilho a boa provocação com todos!
“Um telescópio gigante chamado VLT, localizado no Deserto do Atacama, no Chile, capta belíssimas imagens do céu quase diariamente. Os cientistas Jose Francisco Salgado e Stephane Guisard, do European Southern Observatory (ESO), pegam essas imagens e, em um trabalho artístico, colocam em série, para dar a idéia de passagem de tempo.”…
Nos termos e classificações internas que naturalmente surgem entre as pessoas que participam por tanto tempo de um projeto como o Produção Cultural no Brasil, algumas das entrevistas eram chamadas de “entrevistas-homenagem”. Usávamos o termo para nos referir àqueles entrevistados cuja trajetória falava por si só, cuja história e contribuição para o Brasil e sua cultura eram intocáveis, inclassificáveis, indubitáveis. Thomaz Farkas era obviamente um deles.
Quando finalmente consegui o contato com a sra. Marly Mariano, esposa do Thomaz, não pude conter minha felicidade: teríamos um artista da fotografia e do documentário brasileiro em nosso estúdio. Ela escolheu um domingo, 11 da manhã, para que ele viesse sem trânsito até a Vila Mariana, local onde gravamos as entrevistas. E então no dia 30 de maio, às 11, Thomaz chegou, acompanhado de sua enfermeira. Estavam todos meio tensos, e ao mesmo tempo emocionados pela presença dele. Ao longo da divertida conversa, uma das frases mais ouvidas por nós foi: “Ah, você me faz cada pergunta!”.
Na cerca de uma hora em que ele permaneceu lá, sentado na cadeira, olhando para seus entrevistados e equipe com curiosidade, ele respondeu todas as perguntas que lembrava, contou sua motivação em fazer a caravana Farkas: “Eu tinha uma preocupação política. Nessa época, todo mundo tinha uma preocupação política na vida. Eu era estudante na Politécnica. Os filmes tinham viés político, tinha um viés de estudar o que acontecia nos lugares, como as coisas aconteciam. O conhecimento do Brasil era muito interessante. Esse era o princípio da coisa: como é o Brasil do Norte, como é o Brasil do Sul, como posso ilustrar isso?”
E depois sua satisfação em ver seu projeto de vida acontecer: “Tentei botar toda a minha experiência, toda a minha vida, dinheiro e tempo para fazer esses filmes. Então, por isso que resultaram 20, 30 filmes, em vez de os dois ou três que a gente pretendia fazer. Foi uma satisfação pessoal muito grande, que é o que eu procurava.”
No fim, quando a entrevista terminou, Farkas ainda queria mais, se disse à disposição para as perguntas que quiséssemos. Questionamos se seria possível tirar algumas fotos e planos-sequência dele, que, calmamente, com seus olhos brilhantes, respondeu: “Fique à vontade. Não tenho pressa, não tenho…”
Nossas superfotógrafas Gabriela Barreto e Alicia Peres explicaram então que estavam usando a câmera Canon EOS 5D mark II, que faz tanto foto quanto vídeo com muita qualidade. Ao que ele respondeu: “Então não vai errar o foco, hein!”, comentário procedido por gargalhadas no estúdio.
Esse texto é apenas para resgatar um dia muito especial para a equipe do projeto, e expressar nossa felicidade e satisfação de termos ouvido, ainda que por apenas uma hora, as histórias e causos deste incrível artista brasileiro. Talvez tenha sido sua última entrevista. Obrigada, Thomaz!
“Mas é inevitável que de cada procedimento técnico, exercido com amor e rigor, se desprenda uma poesia específica. Mais ainda no caso da fotografia, cujo vocabulário já participa da magia poética – a gelatina, a imagem latente, o pancromático – e cujas operações se assimilam naturalmente às da criação poética – a sensibilização pela luz, o banho revelador, o mistério da claridade implícita no opaco, da sombra representada pelo translúcido – ó Mallarmé!” Carlos Drumond de Andrade – escritor brasileiro