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Uma das coisas que me encanta na história Fotográfica – se entendermos a palavra Fotografia, traduzida do grego, como Desenhar ou escrever com a Luz, e considerarmos os fênomenos físicos e químicos que a envolvem – é que os primeiros passos para sua descoberta foram aqueles dados no surgimento dos princípios básicos da ótica, atribuídos, por alguns historiadores, ao chinês Mo Tzu do século V a.c., enquanto que outros indicam o filósofo grego Aristóteles, do séc. IV a.c.

Podemos inclusive ir mais longe, seguindo para o período das cavernas, se quisermos conversar sobre a imagem no campo da expressão.

Com isso já percebemos que o universo do entendimento da fotografia pode ser bastante extenso, considerando que ela é o somatório de muitas investigações e descobertas, que aconteceram ao longo do tempo, e foram realizadas por diferentes estudiosos do mundo.

Bom, neste espaço vamos nos focar nos fenômenos físicos e químicos da história da Cianotipia, descoberta em 1842 pelo inglês Sir John William Herschel – cientista e astrônomo.  A oficina BluePrint trata disto.

Aqui vocês encontram uma pincelada geral da época, algumas passagens importantes que fizeram parte da descoberta da Cianotipia, esta técnica de impressão fotográfica histórica e artesanal, também conhecida como Cianótipo, Ferroprussiato ou Blueprint.

Para começarmos vamos adotar a definição de que Fotografia envolve gravar imagens sobre uma superfície e através da luz. Pois bem, a Cianotipia consiste numa superfície emulsionada com sais ferrosos que exposta à luz ultravioleta, revela uma imagem em tons de azul.

O processo pode ser obtido tanto a partir de negativos de filmes, como de intervenções  gráficas livres ou reproduções em materiais transparentes ou translúcidos. A impressão se faz por foto-contato, feito uma câmara aberta, e possibilita resultados em diferentes formatos e dimensões, através de matrizes criadas livremente.

É considerado um dos primeiros procedimentos para impressão da fotografia em papel e possivelmente o primeiro sistema de copiagem de documentos.

Seu descobridor, Herschel,   foi pioneiro ao usar as terminologias Positivo e Negativo, esclarecedoras para o foto-contato, que se mantém em uso até os dias de hoje, e foram muito usadas principalmente nas imagens fotográficas analógicas.

Herschel Harpa 1842

Durante o ano de 1840 estudiosos pesquisavam como fixar imagens fotográficas, desenvolvendo um grande número de processos de impressão de imagens na mesma proporção em que reações fotoquímicas eram exploradas. Sir John Herschel conduziu diversas investigações neste sentido, experimentando outros compostos de metais sensíveis à luz – além dos tradicionais sais de prata – e em 1842 descobriu que determinados sais de ferro solúveis em água, quando expostos à luz solar, formavam o composto conhecido como Cianotipia, que apesar de não sido tão popular,  provou ser das mais permanentes.

Sir Jonh desvendou as propriedades iniciais de fotossensibilidade dos sais de ferro. No dia 16 de junho de 1842, leu para a Real Sociedade um documento intitulado A Ação do Espectro dos Raios Solares sobre as Cores dos Vegetais, e Sobre Novos Processos Fotográficos. Os novos processos, para os quais ele deu o nome de Crisotipia e Cianotipia respectivamente, foram mencionados somente no final do documento. Após descrever uma série de infrutíferos experimentos usando luz solar, flores e plantas, ele relatou aquela que seria uma das importantes descobertas da história da fotografia: que expostos à luz, sais de ferro são submetidos à redução química para o estado ferroso, e neste estado, combinado com outros sais, poderia criar imagens por foto-contato.

Dois meses depois, num manuscrito, ele descreve que os sais de ferro podem também reduzir a prata para o seu estado metálico, apontando os caminhos daquilo que seria conhecido como Marrom Van Dyck ou Calitipia.

Um ano após a descoberta temos um marco na história da fotografia. A botânica inglesa Anna Atkins utilizou o recém descoberto processo da cianotipia e criou o primeiro livro a ser impresso e ilustrado fotograficamente – Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions -, publicado em fascículos com início em 1843.

Atkins usou amostras coletadas por ela mesma ou recebidas de outros cientistas amadores, e fez as fotografias colocando algas diretamente em superfícies emulsionadas com Cianotipia, expondo-as à luz solar e fazendo cópias de contato.

Na década de 1840, o estudo de algas estava apenas começando a ser sistematizado na Grã-Bretanha, e Anna baseou sua nomenclatura no manual não ilustrada de William Harvey of British Algae (1841), nominando cada alga de próprio punho. 

Unindo ciência racional com a arte, Atkins foi sensível ao apelo visual dessas “flores do mar” e criou composições inteiramente de cianotipias.

1843_atkins_cyanotype_1_c

Blueprint de 1925.

Herschel utilizou a técnica da Cianotipia como uma maneira rápida de produzir cópias de suas notas e cálculos. Por sua vez, engenheiros e construtores da época o utilizaram para reprodução de desenhos e projetos técnicos, à semelhança das modernas máquinas copiadoras de heliografia, já substituídas hoje pelas copiadoras conhecidas como plotters.

Em 1860 uma empresa parisiense, Marion & Cia, produziu papéis sensibilizados com a solução cianotípica para impressão de imagens em azul, e em 1870 intitulou esse novo papel de “Blue print”, antes chamado de papel de Ferroprussiato.

FONTES

DE PESQUISA
(estou atualizando aos poucos!)

http://www.metmuseum.org/…/the-collection-onl…/search/286656

DAS IMAGENS
Retrato de Sir Herschel: http://larkabout.files.wordpress.com/2010/01/sir_john_herschel_with_cap_by_ julia_margaret_cameron_detail.jpg
Capa do livro: http://hokumblog.blogspot.com/2007/05/sea-leaves.html
Blueprint de 1925: http://www.cets.sfasu.edu/story/buildings/04/RuskBlueprint.html

publicado em 18/08/2010 por Isabella Carnevalle

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